Em uma disputa muito mais apertada do que projetavam as bocas de urna, a coligação de centro-direita Aliança Democrática, formada pelo PSD, CDS e PPM, conquistou o maior número de cadeiras no Parlamento português nas eleições antecipadas do domingo 10. Sem contabilizar os quatro deputados eleitos por residentes no exterior, que só serão conhecidos nos próximos dias, a AD amealhou 77 assentos, contra 75 do Partido Socialista.

O grande vencedor da noite foi, no entanto, o Chega, legenda de extrema-direita liderada por André Ventura. A agremiação, criada em 2019, praticamente quadruplicou de tamanho: passou dos 12 parlamentares eleitos em 2022 para 46 agora. O partido foi o mais votado em Faro, fenômeno que não acontecia desde os anos 90 do século passado. Desde então, o mapa eleitoral português só tinha duas cores: o laranja do PSD-AD e o rosa do PS. “Acabou o bipartidarismo em Portugal”, discursou Ventura. “Temos todas as condições para formar um governo de direita. Só um partido e um líder muito irresponsáveis deixarão o PS governar”.

A votação do Chega gera um fator de instabilidade político. Durante a campanha, o candidato da AD, Luís Montenegro, rejeitou a possibilidade de firmar uma aliança com o partido de Ventura. “Não é não”, disse Montenegro inúmeras vezes.

As eleições antecipadas mobilizaram o país. A abstenção projetada é a menor em 15 anos.

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