O ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, exaltou o legado da operação durante entrevista à Rádio Metrópole.

“Combater a grande corrupção, combater o crime de pessoas ricas e poderosas que se apropriam do estado para enriquecimento privado ou para financiamento ilegais de eleições é muito difícil, são as pessoas que tem muito poder, então não houve excesso nenhum. A gente vinha tradição que essas pessoas não respondia por seu crime, pessoas que achavam acima da lei foram julgadas, processada, e cumpriram um tempo de prisão. Tudo ali seguiu uma padrão, a gente não escondia ninguém, não escondia prova. Quando aparecia coisa errada, a gente revelava”, ressaltou Moro.

O ex-ministro de Jair Bolsonaro pontuou como é difícil lutar contra um sistema estruturado de corrupção que tem entre seus membros pessoas com poderes econômicos e políticos: “tem que responder por seus atos, não tem ninguém acima da lei. Como é difícil fazer alguém rico e poderoso, que foi ex-presidente da República, dono de empreiteira, deputado que tem conta na Suíça, responder seus crimes”.

Esquema

O candidato do Podemos à presidêndia da República destaca que a Lava Jato desbaratou um esquema monstruoso de corrupção na Petrobras durante os governos do PT, mas que também estava em vigor nos governos anteriores.

No esquema, políticos indicavam diretores da Petrobras que arrancavam propina de empreiteiras para enriquecerem, enriquecerem políticos que os indicavam e financiar partidos políticos:

“Nomeava-se diretores e gerente Petrobras, nosso orgulho, que tinha o papel de arrecadar propina, para enriquecer esses diretores e gerentes – teve um deles que tinha 100 milhões dólares no exterior que acabou devolvendo em acordo – e também para enriquecer políticos, que eram responsável por suas indicações e pala manutenções nos cargos, e também era utilizado para financiar ilegalmente partidos políticos. Lava Jato revelou isso, pela 1º vez vendo gente sendo processada, julgada e condenada por crime de corrupção, gente indo para cadeia, a velha máxima de rico não vai para cadeia, poderosos não vai para cadeia, a gente quebrou isso e mostrou que poderia ser diferente”, explicou Moro.

O ex-juiz da Lava Jato em Curitiba, responsável pelo pedido de prisão contra o ex-presidente Lula, disse que a Lava Jato provocou um terremoto no sistema político que acabou respondendo com uma candidatura sem integridade.: “[A Lava Jato] gerou impacto no mundo político porque tinha muita gente do PT, do PP, do PMDB. O sistema político brasileiro, grande parte dele, é envolvido em corrupção. As pessoas, evidentemente, ficaram tristes e em 2018 o sistema político tradicional não conseguiu apresentar alguém digno que empunhasse essa bandeira da integridade, e acabou sendo eleito o atual presidente que, de certa forma, se aproveitou disso”.

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