Repasses da ex-Bahiatursa reforçam suspeitas de cartel formado por produtoras de eventos

O Senador Dantas é um daqueles edifícios comerciais antigos, simples e esvaziados da rua Visconde do Rosário, coração do Comércio. Com dez andares, o prédio passaria despercebido se não fosse por uma peculiaridade. No caso, ter sido destinatário de R$ 24,2 milhões em pagamentos realizados de 1º de janeiro de 2022 a 12 de setembro deste ano pela Superintendência de Fomento ao Turismo (Sufotur). Criado a partir da espinha dorsal da extinta Bahiatursa, o órgão estadual se tornou uma caixa de Pandora, onde estão abrigadas centenas de contratos sem licitação, concentração de repasses para um pequeno grupo de artistas e empresas de entretenimento, patrocínio a eventos desconhecidos pela maioria das pessoas, sem expressão ou relevância para o setor turístico e indícios de irregularidades no uso do dinheiro público.

 

 

 

Do clube das 20 produtoras de eventos e empresas ligadas ao segmento que mais receberam recursos da Sufotur desde o início de 2022 até o último dia 13, quatro têm como sede o Senador Dantas, segundo informações do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) disponíveis no site da Receita Federal. Juntas, abocanharam aproximadamente 7,5% dos mais de R$ 330 milhões em pagamentos efetuados pela superintendência durante o período, aponta levantamento feito no portal de transparência da Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz). Uma delas, a Brilho Estrelar, terceira do ranking, recebeu R$ 9,84 milhões. Além do volume de recursos, chama atenção o fato de que a sala onde ela está instalada, a de número 706, é a mesma indicada pela Nível Dez, 17ª colocada na lista do órgão, com R$ 4,08 milhões.

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