A equipe do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) anda sem saber qual caminho seguir durante a campanha. O discurso de negar o passado e assumir pautas ambientalistas não deu certo. A discussão interna agora é sobre o que fazer diante do cenário. O comando da campanha defende que ele assuma as trocas de lado, diga que mudou porque foi melhor e adote o discurso de que dialoga com todo mundo. Outros querem que ele suba o tom e dê uma de Pablo Marçal na agressividade, algo que, inclusive, já tem sido observado. Contudo, os mais próximos ao vice-governador o orientaram a fazer uma campanha mais biográfica e usar o programa eleitoral para se promover, pois a perspectiva, segundo parlamentares da base petista, é que ele substitua o filho na campanha de 2026 para deputado estadual.
O rejeitado
Para além do fraco desempenho de Geraldo nas intenções de voto da pesquisa Quaest, o que mais preocupa o vice-governador é a sua elevada rejeição, mesmo não sendo amplamente conhecido pela população. Segundo os dados, 40% não conhecem o candidato do MDB. Dos que conhecem, 34% rejeitam, o maior índice entre os postulantes à prefeitura. Ou seja, quem conhece Geraldo, rejeita.
Voto útil
Outro dado que incomodou bastante o ex-vereador foi o empate técnico dele com o candidato do PSOL, Kleber Rosa. Ao que tudo indica a esquerda raiz já está com o Rasta. O medo agora é que a esquerda mais liberal migre para o candidato do PSOL ao perceber que o Mdebista empacou nas pesquisas. No núcleo da campanha de Kleber Rosa, já se começa falar em voto útil no Rasta. A estratégia é que ele passe o concorrente em duas semanas.
Intervenção
Diante deste cenário, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) decidiu intervir na campanha de Geraldo, o que inclusive motivou um conflito interno com o coordenador do vice-governador, Henrique Carballal, que se queixa de ter virado uma “Rainha da Inglaterra” e ameaçou deixar o posto. Entre os pontos, os “interventores” do governo teriam tirado de Carballal a gestão financeira da campanha. Segundo interlocutores, Jerônimo quer usar o programa eleitoral de Geraldo para defender seu governo, que vem sendo mal avaliado em Salvador. Na última Quaest, a avaliação negativa da gestão do petista na capital chegou a 30%.
De mal a pior
As recentes pesquisas em Lauro de Freitas desanimaram ainda mais os apoiadores do candidato a prefeito Antônio Rosalvo (PT), nome escolhido pela prefeita Moema Gramacho (PT). Os resultados do Atlas apontam para uma larga vantagem de Débora Régis (União Brasil), com uma diferença que chega a 30 pontos percentuais. Aliados de Rosalvo dizem que pesa contra ele a elevada rejeição da gestão de Moema e a baixa aceitação do petista nas ruas neste início de campanha. Os candidatos a vereador estão insatisfeitos e alguns deles já decidiram fazer carreira solo, largando a mão de Rosalvo.
Vale-tudo
O governo do estado deu início a mais uma operação vale-tudo para favorecer aliados nas eleições municipais. Tal como foi em 2022, com o uso abusivo e irregular de convênios em favor de Jerônimo, agora a máquina estadual deixa um vão livre para o desvirtuamento de obras públicas. É o caso do pregão 003/2024, cujo contrato previa intervenções em áreas de responsabilidade do estado no acesso aos municípios, mas que a pedido de governistas estariam sendo redirecionadas para execução de obras dentro das cidades onde o Executivo estadual tem interesses eleitorais.
Caixa preta
Apesar de ter aprovado as contas do governador Jerônimo, o Tribunal de Contas do Estado fez uma longa lista de asteriscos apontando falhas de toda espécie na continuidade das gestões petistas. Uma delas é sobre a transparência nos gastos dos recursos públicos, que faz a Bahia ser o vigésimo estado no índice nacional que avalia o assunto. Com Jerônimo, o cenário de caixa preta ficou ainda pior, caindo dos 78% verificados em 2022 para 69% em 2023. O registro é preocupante sobretudo no momento em que o governador faz uso desenfreado de pedidos de empréstimos, que já somam R$ 8 bilhões, sem apresentar um plano de ação objetivo e detalhado.
PAC fiado
Por falar em empréstimos, um deles chama a atenção pela gambiarra administrativa que se montou junto com o governo federal. Jerônimo pediu R$ 616 milhões sob a explicação de aplicar em ações inscritas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mais especificamente para a renovação da frota do metrô. Ou seja, o PAC que o ministro Rui Costa anunciou aqui é “fiado” porque a União efetivamente não garantiu o recurso. O detalhe que deixa a operação ainda mais tabajara é saber que o governador sequer apontou de qual banco virá o empréstimo.
Flagrante
O Diário Oficial do Estado também revelou esta semana outras aberrações administrativas que os governos do PT passaram a tratar como normal. Vem da Conder um aviso de licitação para construir vias de acesso às escolas erguidas pelo interior. Ou seja, o governo admite que entregou as unidades com o projeto incompleto sem a infraestrutura devida para acesso da comunidade escolar, num registro flagrante de que as inaugurações aconteceram às pressas apenas para a versão editada da propaganda institucional.
Banho de sangue
A eleição em Juazeiro virou uma arena de sangria pública onde partidos aliados na base do governo do estado trocam farpas sem nenhum pudor e escancaram a falta de liderança do governador Jerônimo Rodrigues (PT). O pivô do conflito é o ex-prefeito Isaac Carvalho, que pediu desfiliação do PT depois de não conseguir viabilizar sua candidatura nem indicar um quadro petista de sua preferência para o lugar. Agora no PSD e de mãos dadas com Otto Alencar, ele trabalha pela candidatura do sobrinho, Celso Carvalho (PSD), e todo santo dia solta a artilharia contra Jerônimo e especialmente o MDB, legenda que lançou Andrei da Caixa como candidato com a benção do Palácio de Ondina.
Últimas posições
Com o período eleitoral, teve pouca repercussão a divulgação dos novos dados do Ranking de Competitividade dos Estados, em que novamente a Bahia aparece nas últimas posições (na 22ª, precisamente). Dentre as áreas com pior desempenho da Bahia, estão o capital humano (última colocação), potencial de mercado, infraestrutura, educação e sustentabilidade ambiental. No Nordeste, a Bahia é o terceiro pior estado, à frente apenas do Rio Grande do Norte e do Maranhão.