“É você que gosta de bater em filho dos outros?”, teria dito Lincoln Marcio D’elia antes de matar a tiros o estudante Luiz Henrique de Souza Barbarotti, em março de 2018, após confusão por causa de cachorro. A frase foi confirmada por duas testemunhas de acusação ouvidas nesta segunda-feira (9), em audiência realizada na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande.

D’elia é réu no processo por ter assassinado Barbarotti após discussão e briga entre eles e amigos da vítima no Jardim Seminário, região norte da Capital. Conforme relato policial, ao passar em frente à casa do acusado, o rapaz, que passeava com seu cachorro, foi atacado por um cão da raça pitbull. A fim de cessar o ataque, o grupo investiu contra o animal. D’elia não gostou. Os envolvidos discutiram e trocaram agressões.

Após a confusão, Barbarotti e seus amigos deixaram o local. Algumas quadras depois, de carro, D’elia abordou o grupo com mais dois colegas. O trio teria tentado forçar a vítima a entrar no veículo, que resistiu e correu. O réu teria atirado pelas costas. A polícia encontrou munição calibre .380 no local do crime.

Além dos adolescentes que estavam com Barbarotti no momento do homicídio, a mãe e o padrasto da vítima foram ouvidos em audiência. Rosenilda de Souza da Luz declarou que “espera que a justiça seja feita, já que não tem mais jeito”. “A vida dele era chácara e fazenda. Ele amava os animais”, disse. O estudante também trabalhava como domador de animais.

Segundo o padrasto, José Nilton Gaioso, o enteado faria curso de doma racional este ano, em São Paulo. A técnica prega uso do olhar para instrução do animal, ao contrário de mecanismos menos alternativos, que incluem punições ao bicho.

“Foi o pior dia da minha vida. Não tem explicação para um pai e uma mãe perder um filho de 21 anos que saiu de casa para passear com o cachorro. Tivemos nossa vida destruída”, relatou Gaioso. Ele narrou ainda que fechou o comércio que tocava porque a esposa “não tem mais psicológico”.

Ainda conforme o padrasto, o casal era evangélico, mas encontrou “conforto e paz” no espiritismo, pelo qual obtiveram cartas psicografadas do filho.

Outro réu – Acusado de lesão corporal de natureza leve e vias de fato, Eduardo Fialho Junior, um dos amigos de Lincoln D’elia, tinha opção de prestar serviços comunitários, mas escolheu ter pena convertida em doação de dois salários mínimos para uma entidade carente. A somatória das penas máximas aos crimes para os quais foi denunciado não ultrapassa dois anos. Junior não teve participação direta no homicídio.

A segunda audiência na Justiça do caso que investiga o assassinato de Luiz Henrique Barbarotti, será em outubro. Estão previstos os depoimentos de oito testemunhas de defesa do réu, além de duas testemunhas de acusação que não foram ouvidas nesta segunda-feira. Já D’elia será interrogado em novembro.


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