A Bahia agora faz parte, ao lado do Rio de Janeiro e Ceará, de um seleto grupo de estados que contam com um núcleo de pesquisa científica voltado para a preservação dos ecossistemas marinhos e costeiros. Trata-se do Centro Internacional de Investigação do Atlântico (AIR Centre), que foi inaugurado na manhã desta sexta-feira (16), no Instituto de Geociências, da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

O AIR Centre atuará na criação de um projeto mobilizador para a Baía de Todos os Santos, buscando desenvolver o modelo da economia azul na costa marítima. Na prática, a ideia é promover mudanças estruturais no setor econômico, baseando-se no funcionamento dos ecossistemas – que são organismos vivos e seus ambientes físicos e químicos – fazendo o uso inteligente dos recursos naturais e de seu funcionamento sem prejudicá-los.

O projeto visa ainda transformar problemas em oportunidades para criar eventuais soluções para a saúde humana, do meio ambiente e do bolso, além de várias áreas do setor como proteção, pesca, cultura, energia renováveis e transporte e logística, segundo o coordenador de negócios do AIR Centre, José Moutinho.

“São muitas possibilidades de estudos. Queremos desenvolver esse projeto na Baía de Todos os Santos pensando sempre no impacto para as populações locais e a preservação do meio ambiente costeiro. Vamos realizar também um monitoramento das marés no litoral, que é um aspecto científico estudado no mundo inteiro, e nos interessa, a modo de incorporar isso numa visão mais ampla para preservação das costas brasileiras”, afirmou o coordenador.

Os estudos serão concentrados nos 1.100 km de área costeira da Bahia, onde será possível buscar soluções para a preservação do ambiente marinho, além da realização de estudos concentrados possibilitando a geração de emprego e renda.

“É um centro de extrema importância para nós, baianos, porque aqui serão concentrados estudos voltados para o nosso ambiente marinho. Hoje, o mar passa pela perspectiva de geração de emprego e renda. Até então, a gente analisava o mar apenas como uma fonte de alimento, portos e turismo. Temos que analisar também como uma ampliação para a empregabilidade nesse setor”, garantiu o secretário de Meio Ambiente do Estado (Sema), José Carlos Oliveira, que revelou que o centro estuda também evitar a poluição do ambiente marinho por microplásticos.

“Se discute muito sobre a poluição da terra, agora é a hora de discutir sobre a questão do mar. A geração de energia limpa, de ondas do mar, é outro ponto fundamental para ser estudado aqui também”, completou o secretário.

A inovação é fruto de uma parceria entre os governos da Bahia e o federal português, através do Ministério de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal, e uma associação portuguesa sem fins lucrativos. Eles buscam a ampliação de oportunidades de estudo e de intercâmbio de estudantes pesquisadores, além da troca de informações entre as sedes do centro de pesquisa do Brasil e de Portugal.

Das atividades previstas para serem realizadas no centro, estão também a observação da Terra e aplicações computacionais. Além disso, serão utilizados recursos e metodologias de inteligência artificial no apoio à ciência e pesquisa para a preservação dos ecossistemas marinhos e costeiros, e para o benefício das pessoas que vivem em torno do Oceano Atlântico.

A diretora do Instituto de Geociência, Olívia Oliveira, destacou que o instituto tem tecnologia instalada para trabalhar com as áreas da geologia, geofísica, oceanografia e geografia. Ela destacou ainda quais os caminhos propostos para chegar a essas melhorias para o meio ambiente.

“Sabemos onde nós queremos chegar, e o caminho que estamos construindo. Esse acordo de intenções, mostra que todos os órgãos envolvidos acreditam em nosso potencial. O AIR Centre coloca a Bahia em uma vitrine com uma responsabilidade imensa e nos deixa lisonjeados. Temos a certeza de que essas áreas, totalmente conectadas, certamente vão gerar projetos em prol do meio ambiente”, garantiu.

Referência – Com a instalação do AIR Centre, no Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Salvador se torna referência no combate à crise climática e a preservação ambiental.

A capital baiana, inclusive, foi escolhida para sediar a Semana Latino-Americana e Caribenha do Clima, um dos mais importantes eventos promovidos pelas Organizações das Nações Unidas (ONU), que acontece a partir desta segunda-feira (19) e segue até sexta (23), no Salvador Hall, na Paralela. O encontro terá discussões sobre a ação climática: transição energética; transição da indústria; infraestrutura, cidades e governos locais; e soluções baseadas na natureza.

As discussões visam a implementação do Acordo de Paris – o pacto global de combate às mudanças climáticas – e antecede a reunião do clima da ONU, a COP-25, que será em dezembro, no Chile.

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